O presidente da Associação Portuguesa de Árbitros de Futebol (APAF), António Sérgio, afirmou hoje que os veredictos do processo Apito Dourado, que resultaram na condenação de 13 dos 24 arguidos, provaram que os árbitros “eram vítimas do sistema”. “Os árbitros eram mais vítimas do sistema instituído do que propriamente autores dos factos em causa. As penas são claramente mais gravosas para os dirigentes, como penas de prisão, comparadas com as penas dos árbitros, que se limitaram a ser vítimas do sistema”, disse António Sérgio em declarações à Agência Lusa.
O presidente da APAF destacou a “rapidez da justiça portuguesa” na conclusão do processo e desvalorizou o facto de cinco árbitros terem sido considerados como culpados pelo Tribunal de Gondomar. “Cinco no universo de 3.800 árbitros em Portugal não tem qualquer significado estatístico”, sustentou o antigo juiz. António Sérgio defendeu ainda que os árbitros “têm que ter um peso importante na eleição dos seus dirigentes” e lembrou que a responsabilidade dos agentes desportivos “aumentou” com o aparecimento do Apito Dourado. “Os dirigentes condenados teriam um acto de bom senso se pedissem a suspensão dos seus respectivos cargos”, acrescentou.
O secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, e o presidente da Liga de Clubes, Hermínio Loureiro, recusaram comentar as sentenças do processo, hoje conhecidas. Contactados pela Agência Lusa, Laurentino Dias e Hermínio Loureiro não se mostraram disponíveis para falar sobre a conclusão do processo, enquanto o presidente da Federação Portuguesa de Futebol, Gilberto Madail, esteve incontactável. Valentim Loureiro foi condenado a três anos e dois meses de prisão, com pena suspensa por igual período, por abuso de poder e prevaricação, bem como perda de mandato na presidência da Câmara de Gondomar. O abuso de poder foi penalizado com dois meses por cada um dos crimes, sendo a pena de seis meses relacionada com o crime de prevaricação, pelo qual, de acordo com o tribunal, pode perder o mandato. Essa perda de mandato torna-se definitiva quando e se o acórdão transitar em julgado. Em reacção a esta condenação específica, Valentim Loureiro assegurou que irá candidatar-se novamente à presidência da autarquia Gondomarense na certeza de que irá ganhar. O major foi condenado por prevaricação pela adjudicação considerada ilegal, à empresa Globaldesign, da feitura de um boletim informativo do programa “Urban II” para o desenvolvimento sustentado da Triana, Areosa, Rio Tinto. O vice-presidente da autarquia gondomarense e presidente do Gondomar à data dos factos, José Luís Oliveira, foi condenado a três anos de cadeia, pena suspensa, por 25 crimes de abuso de poder e 10 crimes de corrupção desportiva activa. Já Pinto de Sousa, antigo presidente do Conselho de Arbitragem da FPF, foi condenado em cúmulo jurídico a dois anos e três meses, pena suspensa por igual período, por 25 crimes de abuso de poder.Etiquetas: Noticias
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